Pessoal,
Em uma outra oportunidade escrevi que as
únicas limitações que existem na vida de quem estuda para o Exame da OAB
ou concursos públicos em geral são limitações de tempo, pois limitações
de ordem intelectual (pessoas mais ou menos inteligentes) não existem.
Fiquei de escrever sobre isso e acabei demorando um pouquinho, mas aqui
estão as minhas impressões sobre este tema.
Como eu
falei anteriormente, não acredito que existam pessoas mais ou menos
inteligentes. Inteligência, aliás, é um conceito muito vago e, na
maioria das vezes, utilizado de forma empírica. Pessoas consideradas
inteligentes são, por vezes, pessoas com um discurso convincente, e não
raro sem conteúdo. Claro, ressalte-se que a minha idéia aqui não é
generalizante: há pessoas convincentes e com grande bagagem cultural,
mas há pessoas tão convincentes quanto e que passam por inteligentes
falando apenas o trivial com alguma segurança. Conheci pessoas
absolutamente medíocres que arrastavam multidões, e conheço verdadeiros
gênios que são muitas vezes impopulares. Coisas da vida...
O
fato é que para concursos públicos e Exame da OAB, inteligência é a
soma de um número grande de informações com a capacidade de relacionar
estas informações com alguma lógica. Sinteticamente, é saber o direito e
raciocionar o direito. O candidato que chega neste ponto está pronto
para uma aprovação, muitas vezes com larga vantagem sobre os outros
candidatos.
Percebam que eu usei o verbo "chegar" - no
sentido de um estágio da mente em que se trabalha e que se alcança
depois de um período de tempo - em vez de usar o verbo "ser". Isso
porque, na minha humilde opinião, o verbo ser nos induz a uma
atemporalidade, a uma coisa que nasceu assim e que não muda - algo
ridiculamente medieval. E, é claro, nós todos mudamos. Nós todos -
todos!!! - podemos alcançar a aprovação no Exame da OAB ou em concursos
públicos. Basta querer e utilizar um bom método. Do contrário, há
pessoas com grande capacidade para estudar e que simplesmente param, não
progridem mais. Acontece - e muito!
O importante a
saber sobre isso é que muito raramente se chega a um estágio avançado de
conhecimento sem que se "invista" algumas (muitas) horas de estudo.
Você pode se considerar o sujeito mais devagar ou mais inteligente do
mundo, que, salvo raríssimas exceções, não conseguirá bons resultados
com poucas horas de estudo. Isso porque estamos falando de Direito, uma
ciência complexa em si e que em nosso país se constitui em um sem número
produtos normativos das mais variadas formas e tamanhos. Para saber
Direito Penal, não basta ir no Código Penal, tem muita coisa fora dele.
Tem muita lei avulsa disciplinando procedimento também. E tem absurdos
legislativos dos mais variados - o mais clássico está em nossa
Constituição, no art. 184, § 5.°, que usa a palavra "isenção" para
instituir uma imunidade tributária. Durma-se com um barulho desses... Um
ordenamento desta complexidade é um prato cheio para examinadores
adeptos das tais pegadinhas, que são amplamente utilizadas em concursos
como critério de desempate, uma vez que não dão margem à recurso da
questão.
Por estas e outras razões - sem terrorismo,
por favor - você tem que optar por uma quantidade de horas razoável para
o projeto que deseja. Já mencionei aqui que o trivial não está mais
aprovando no Exame da OAB, e em concursos públicos faz tempo que não
funciona. Você tem que ter conteúdo, bastante conteúdo. Com um ensino
superior deficiente, como acontece na maioria dos casos no Brasil, a sua
bagagem para o Exame pode estar em baixa. Você tem que aceitar isso e
topar o desafio de mudar. Parece difícil, parece complicado, mas é menos
do que parece - e você só tem a ganhar!
Para esses
processo de aprendizado/memorização você poderá contar com diferentes
métodos de estudo. Nos dias de hoje há uma diversidade (maravilhosa!) de
formas de se estudar. Descubra o seu melhor jeito de estudar e comece o
quanto antes:
- Há arquivos de audio, para aqueles que
cansam a vista com muitas horas de leitura. É importante lembrar que em
tempos de internet nós lemos o dia inteiro e não percebemos. Muitas
vezes lemos no monitor do computador, que é uma fonte de luz que os
nossos olhos não foram acostumados a usar como base de texto. Tudo isso
contribui para que você "canse" sua vista e tenha um desempenho inferior
se por acaso optar por ler, por exemplo, 3 horas por dia. Há muito
material em audio na internet e aqui no blog, você poderá baixar e fazer
uso sem problemas. Eu gosto de "ler" a Constituição enquanto a ouço em
audio, que está disponibilizada de graça no site do governo. É uma forma
de prender a atenção, utilizando dois sentidos ao mesmo tempo;
-
Estudar em casa, antes de mais nada, requer método. Tem uma frase famosa
(que não tenho a fonte agora, mas depois coloco o autor) que diz que
perde-se muito tempo aprendendo a estudar do que estudando propriamente.
Faz parte do processo, é normal. Mas você deve descobrir o seu melhor
modo de entender a matéria e memorizar: pode ser ouvindo (audio ou
video), lendo, escrevendo... Cada um tem seu modo. Fora isto, é
importante ter um local para estudar. Isso não é demais, e caso você
tenha como providenciar, faça-o sem pestanejar. Quem mora sozinho tem
mais facilidade de ter um espaço com silêncio sem ninguém por perto
cobrando atenção ou querendo conversar. Mas caso você tenha uma família,
filhos, namorada, cachorro, papagaio... Dê um jeito. Tem um espaço de
tempo no seu dia que deverá ser preenchido com estudo.
-
Curso preparatório pode ser um importante aliado, ou um grande
impecilho. Lembre-se que aquelas horas do dia que você está separando
para estudar são "sagradas" e que devem ser aproveitadas da melhor
maneira possível. Isso implica em estudar sozinho ou escolher um BOM
curso. Um curso ruim, de baixa qualidade e que não aprova ninguém será
um grande ESTORVO na criação de seu método de estudo - além de te COBRAR
por isso. A vantagem de um bom curso é que você terá um programa que
deverá ser cumprido em um prazo previamente estabelecido, coisa que nem
sempre conseguimos sozinhos em se tratando de concursos públicos que
tenham grande conteúdo.
- Não se culpe se ainda não
descobriu o seu melhor método de estudo. É mais proveitoso ser sincero
consigo mesmo e ir tentando formas de estudos diferente do que insistir
numa forma que não dê resultado. Tente ver com seus amigos qual o seu
jeito de estudar: há videos, audios e livros dos mais diversos autores e
conteúdos à sua disposição, graças à Deus - antigamente não tínhamos
isso tudo, não...
Lembre-se sempre que estudar, antes
de mais nada, é uma atitude de CORAGEM. Quantas pessoas você conhece que
largaram os empregos triviais para fazer algo que envolvesse atividade
intelectual? E quanta gente você conhece que tem medo de se coolcar à
prova, fazendo concursos - ou até mesmo Exame da OAB, pois com os
alarmantes índices de reprovação tem muito bacharél desistindo de tirar a
carteira de advogado? Enfim, tem muita gente que reclama de uma ou
outra eventual reprovação sua, mas que nunca pôs a cara a tapa numa
prova. Tá cheio de gente por aí que arruma as mais diversas desculpas
para não fazer. Você só tem que se organizar.
Quem quiser, conte aqui nos comentários a sua forma de estudar. Trocar experiências é de graça - e todo mundo ganha!
Um abraço
Prof. Fábio
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