quinta-feira, 4 de novembro de 2010

OAB: MEC insulta cultura do país ao banir obra histórica de Monteiro Lobato

Curitiba (PR), 04/11/2010 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, cobrou hoje (04) que o Ministério da Educação reveja imediatamente a decisão de banir das escolas públicas brasileiras a leitura do livro "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, por considerá-lo racista. "O Ministério da Educação precisa rever essa decisão e deve desculpas ao País, não sendo aceitável que apresente uma mera justificativa", afirmou Ophir ao discursar na solenidade de entrega do prêmio Francisco Cunha Pereira Filho, na sede da OAB Paraná, em Curitiba. Na ocasião, Ophir ministrou palestra sobre "Liberdade de Expressão no Estado Democrático de Direito".

Ophir mostrou-se indignado em razão do conteúdo da obra que retrata as aventuras de Narizinho, Tia Anastácia, Dona Benta, Emília e o Visconde de Sabugosa ter sido considerado preconceituoso e racista. "Nós que nos sentimos filhos literários do autor do Sítio do Pica-Pau Amarelo, cuja sensibilidade indicou que um País se faz com homens e livros, não podemos aceitar tamanho absurdo", afirmou o presidente da OAB para a platéia de advogados e jornalistas. "É um duplo insulto: à cultura nacional e à memória de um grande brasileiro", finalizou.

A seguir a íntegra da manifestação feita pelo presidente nacional da OAB:

"O livro "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, foi recentemente banido das escolas públicas por recomendação do Conselho Nacional de Educação, do Ministério da Educação. O motivo: tornou-se perigoso demais para as crianças.

O conteúdo da obra, pasmem, foi considerado preconceituoso; o universo de fantasia habitado pelos cativantes personagens de Narizinho, Tia Anastácia, Dona Benta, Emília e o Visconde de Sabugosa, foi rotulado de racista.

Nós que nos sentimos filhos literários do autor do "Sítio do Pica-Pau Amarelo", cuja sensibilidade indicou que um País se faz com homens e livros, não podemos aceitar tamanho absurdo. É um duplo insulto: à cultura nacional e à memória de um grande brasileiro.

A decisão recente, em meio à campanha eleitoral, não recebeu a devida atenção da opinião pública, motivo pelo qual acho oportuno trazê-la para conhecimento desta platéia. É um exemplo do dano que o Estado, inadvertidamente, pode causar à causa da liberdade de expressão.

Nesta toada, estaremos perigosamente retroagindo à era sombria dos "Index Librorum Prohibitorum". O Ministério da Educação precisa rever essa decisão e deve desculpas ao País, não sendo aceitável que apresente uma mera justificativa."

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