terça-feira, 19 de junho de 2012

Vídeo mostra empresas revelando fraudes em concursos da Paraíba

Uma das empresas preenche os cartões de resposta antes do concurso. Outra empresa oferece propina para ser escolhida em licitação fraudada.

Do G1 PB

Nesta segunda-feira (18), quatro suspeitos de participar de um esquema de fraudes em concursos públicos foram detidos na Paraíba. A TV Paraíba investigou duas empresas por semanas para conseguir mostrar como elas agem no estado, e desmascarou na reportagem um negócio cheio de propinas, fraudes em licitações e aprovações irregulares de candidatos. A operação Gabarito, que prendeu um advogado proprietário da Metta Concursos & Consultoria, empresa organizadora de concursos, e três funcionários da prefeitura de Caldas Brandão, ocorreu após o flagrante exibido no programa Fantástico, do domingo (17).

“A gente tem que dar ares de legalidade a coisa”, disse o dono da empresa Metta Concursos e Consultoria, que tem sede no município de Guarabira, sem saber que estava sendo gravado em uma reunião com um produtor da TV Paraíba. O produtor fingiu ser um funcionário da prefeitura de uma cidade paraibana, que queria contratar uma empresa para realizar um concurso no município. “Eu não trabalho com o ilegal, nem com o totalmente ilegal. Trabalho com a aprovação do Tribunal de Contas”, continuou o empresário.

Quando perguntado se algumas vagas podiam ser preenchidas com pessoas indicadas pelo prefeito, sem que elas precisassem obter sucesso na prova, o empresário deu resposta positiva. Ele explicou que os cartões devem ser preenchidos previamente. “Quinze dias antes você vai no meu escritório e pega todos os cartões de resposta em branco. Você leva para o pessoal indicado, colhe a assinatura e a impressão digital e me devolve. Após a prova mando todo o ofício para câmara disponibilizando todos os gabaritos que quiserem”, detalhou o dono da Metta.

Na reunião, o empresário ainda disse que há outra maneira de fraudar os exames, como aumentar o nível de dificuldade da prova. Fazendo com que a maioria dos candidatos tivessem uma pontuação menor do que a dos candidatos indicados pelo suposto prefeito.

Já um representante de uma outra empresa organizadora de concurso com matriz em João Pessoa, em outra reunião, e novamente sem saber que estava sendo gravado, explicou a maneira que eles escolhiam para aprovar candidatos indicados nos concursos, através de alterações do sistema de correções das provas depois que a empresa já tem o resultado final.

“Tem que evitar está passando vagas com nota máxima ou passar todo mundo”, explicou o funcionário se referindo a prevenções que deveriam ser tomadas para não atrair suspeitas. “Em torno de 20% e 30% das vagas devem ser preenchidas com o pessoal”, disse. Além de fraudar os concursos, o suspeito disse ainda que pode oferecer propina ao prefeito, para que a empresa seja escolhida para a realização da prova. O valor poderia chegar a 20% do lucro do concurso.

O representante explica que o esquema ilegal se inicia na licitação por carta convite, e que outras duas empresas, parceiras da organizadora de concursos, seriam convidadas a participar. O próprio representante seria encarregado de fazer as propostas de todas as empresas e recolher as assinaturas. Em um momento da reunião ele entrega ao produtor da TV Cabo Branco as certidões negativas da Receita Federal das parceiras, para que o processo licitatório fosse preparado.
Polícia Civil durante operação Gabarito na Paraíba (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)Quatro pessoas foram presas durante a operação
Gabarito (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)

Operação Gabarito
A operação Gabarito aconteceu na manhã desta segunda-feira (18) e contou com as equipes Polícia Civil, Controladoria Geral da União e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público. Entre os suspeitos detidos estão um advogado proprietário da Metta Concursos & Consultoria, uma empresa organizadora de concursos, e três funcionários públicos da prefeitura de Caldas Brandão

Durante a ação quatro mandados de prisão temporária e seis de busca e apreensão foram cumpridos. Os mandados foram expedidos pela comarca da cidade de Gurinhém, na Paraíba. O prefeito da cidade de Caldas Brandão está viajando e não foi localizado para prestar depoimentos sobre a acusação de realizar um concurso de forma fraudulenta. Já o advogado Paulo Rocha, advogado do proprietário da Metta Concursos & Consultoria, negou todas as acusações contra o seu cliente.

Os investigados vão responder pelos crimes de frustação do caráter competivo, formação de quadrilha, falsidade ideológica e corrupção ativa e passiva. As penas dos crimes somadas chegam ao máximo de 21 anos de reclusão.





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