terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Questões: Português, TRE/GO 2.008, Cespe/UnB

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE GOIÁS (TRE/GO)
CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE VAGAS E FORMAÇÃO DE CADASTRO DE RESERVA EM CARGOS DE ANALISTA JUDICIÁRIO E DE TÉCNICO JUDICIÁRIO
CARGO 1: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA: ADMINISTRATIVA
EDITAL N.º 1 – TRE/GO, DE 21 DE OUTUBRO DE 2008
Aplicação: 1/2/2008

Texto para as questões de 1 a 5

(l. 1) O conceito de verdade tem sido abordado e
(l. 2) compreendido de diferentes formas por diversos pensadores
(l. 3) e por diversas escolas filosóficas. Os filósofos gregos
(l. 4) começaram a buscar a verdade em relação ou oposição à
(l. 5) falsidade, ilusão, aparência. De acordo com essa concepção,
(l. 6) a verdade estaria inscrita na essência, sendo idêntica à
(l. 7) realidade e acessível apenas ao pensamento, e vedada aos
(l. 8) sentidos. Assim, um elemento necessário à verdade era a
(l. 9) “visão inteligível”; em outras palavras, o ato de revelar, o
(l. 10) próprio desvelamento.
(l. 11) Já para os romanos, a verdade era Veritas, a
(l. 12) veracidade. O conceito era sempre aplicado, isto é, remetia
(l. 13) a uma história vivida que pudesse ou não ser comprovada.
(l. 14) Essa concepção de verdade subordinava-a, portanto, à
(l. 15) possibilidade de uma verificação. A formulação do
(l. 16) problema do “critério de verdade” ocupou os adeptos da
(l. 17) gnosiologia, aqueles que se dedicavam ao estudo das
(l. 18) relações do pensamento, e de seu enunciado, sua forma de
(l. 19) tradução na comunicação humana com o objeto ou fato real,
(l. 20) em que se buscava uma relação de correspondência. Para a
(l. 21) lógica, o interesse circunscrevia-se na correção e(ou)
(l. 22) coerência semântica do discurso, da enunciação,
(l. 23) descartando a reflexão sobre o mundo objetivo.
(l. 24) Para o filósofo Heidegger, as verdades são respostas
(l. 25) que o homem dá ao mundo. Ressalte-se a utilização do
(l. 26) termo no plural, quando o conceito de verdade perde o
(l. 27) critério do absoluto e(ou) do indivisível. Portanto, não
(l. 28) haveria mais uma verdade filosófica, mas várias verdades.
(l. 29) Esse sentido mais pluralista também é defendido por
(l. 30) Foucault, para quem o significado de verdade seria o de
(l. 30) expressão de determinada época, cada qual com sua
(l. 31) verdade e seu discurso.
Iluska Coutinho. O conceito de verdade e sua utilização no jornalismo.
Internet: (com adaptações).


QUESTÃO 1
Assinale a opção correspondente à frase do texto que representa a síntese de suas ideias.
A) “O conceito de verdade tem sido abordado e compreendido de diferentes formas por diversos pensadores e por diversas escolas filosóficas.” (l.1-3)
B) “Os filósofos gregos começaram a buscar a verdade em relação ou oposição à falsidade, ilusão, aparência.” (l.3-5)
C) “Assim, um elemento necessário à verdade era a ‘visão inteligível’; em outras palavras, o ato de revelar, o próprio desvelamento.” (l.8-10)
D) “A formulação do problema do ‘critério de verdade’ ocupou os adeptos da gnosiologia” (l.15-17)

QUESTÃO 2
No texto, um fato ou estado considerado em sua realidade está expresso pelo verbo sublinhado em
A) “a verdade estaria inscrita” (l.6).
B) “o interesse circunscrevia-se” (l.21).
C) “não haveria mais uma verdade filosófica” (l.27-28).
D) “o significado de verdade seria o de expressão” (l.30).

QUESTÃO 3
A respeito do texto, julgue os itens seguintes.
I Tanto para os gregos como para os lógicos, a verdade constituía uma reflexão, acessível aos sentidos, não ilusória sobre o mundo.
II Em latim, o conceito de verdade estava associado à experiência e dependia de verificação.
III Para filósofos mais modernos, a verdade relaciona homem e mundo e varia nas diferentes épocas e discursos.

Assinale a opção correta.
A) Apenas o item I está certo.
B) Apenas o item III está certo.
C) Apenas os itens I e II estão certos.
D) Apenas os itens II e III estão certos.

QUESTÃO 4
Assinale a opção correta a respeito do emprego da crase nas estruturas linguísticas do texto.
A) No segundo período do texto (l.3-5), mantêm-se as relações semânticas, bem como a correção gramatical, ao se inserir à antes de “ilusão” e antes de “aparência”.
B) Tanto o uso da crase em “à realidade” (l.6-7) como da contração em “ao pensamento” (l.7) justificam-se pelas relações de regência de “idêntica” (l.6).
C) Nas linhas 12 e 13, preservam-se as relações de regência de “remetia”, bem como a correção gramatical do texto, ao se inserir um sinal indicativo de crase em “a uma história”.
D) A retirada do sinal indicativo de crase em “à possibilidade” (l.14-15) provocaria erro gramatical e incoerência nas ideias do texto, por transformar objeto indireto em objeto direto na oração.

QUESTÃO 5
Assinale a opção incorreta a respeito da função textual das estruturas linguísticas do texto.
A) No encadeamento dos argumentos do texto, a expressão “essa concepção” (l.5) remete à ideia anterior, de “verdade em relação ou oposição à falsidade, ilusão, aparência” (l.4-5).
B) A expressão “em outras palavras” (l.9) tem a função de introduzir uma explicação ou um esclarecimento sobre como o conceito de ‘visão inteligível’ (l.9) deve ser compreendido.
C) O desenvolvimento das ideias do texto mostra que a expressão “gnosiologia” (l.17) deve ser interpretada como sinônimo de ‘critério de verdade’ (l.16).
D) Na organização da coesão textual, as duas ocorrências do vocábulo “mais” (l.28 e 29) associam as ideias das orações em que ocorrem às dos parágrafos anteriores, mas sua omissão não prejudicaria a correção ou a coerência textuais.

Texto para as questões de 6 a 8
(l. 1) A ciência moderna teve de lutar com um inimigo
(l. 2) poderoso: os monopólios de interpretação, fossem eles a
(l. 3) religião, o estado, a família ou o partido. Foi uma luta
(l. 4) travada com enorme êxito e cujos resultados positivos vão
(l. 5) ser indispensáveis para criar um conhecimento
(l. 6) emancipatório pós-moderno. O fim dos monopólios de
(l. 7) interpretação é um bem absoluto da humanidade.
(l. 8) No entanto, como a ciência moderna colonizou as
(l. 9) outras formas de racionalidade, destruindo, assim, o
(l. 10) equilíbrio dinâmico entre regulação e emancipação, em
(l. 11) detrimento desta, o êxito da luta contra os monopólios de
(l. 12) interpretação acabou por dar lugar a um novo inimigo, tão
(l. 13) temível quanto o anterior, e que a ciência moderna não
(l. 14) podia senão ignorar: a renúncia à interpretação,
(l. 15) paradigmaticamente patente no utopismo automático da
(l. 16) tecnologia e também na ideologia e na prática consumistas.
Boaventura de Sousa Santos. A crítica da razão
indolente. São Paulo: Cortez, 2007, p. 95 (com adaptações).

QUESTÃO 6
Depreende-se da argumentação do texto que
A) a criação de um conhecimento pós-moderno apoia-se na utopia da ideologia e da prática consumista.
B) tanto uma interpretação monopolizada quanto a falta de interpretação são prejudiciais à humanidade.
C) tanto a ciência moderna quanto outras formas de racionalidade prejudicaram a luta contra os monopólios de interpretação.
D) o fim dos monopólios de interpretação teve como uma de suas consequências o enfraquecimento da religião, do Estado, da família e dos partidos.

QUESTÃO 7
Assinale a opção correspondente à proposta de substituição para o texto que provoca erro ou incoerência textual.
A) fosse em lugar de “fossem eles” (l.2)
B) seus em lugar de “cujos” (l.4)
C) Acabarem os monopólios de interpretação em lugar de “O fim dos monopólios de interpretação” (l.6-7)
D) deixar de em lugar de “senão” (l.14)

QUESTÃO 8
No desenvolvimento das ideias do texto, introduz-se uma ideia de causa com o uso
A) de “para” (l.5).
B) de “como” (l.8).
C) de “destruindo” (l.9).
D) do sinal de dois-pontos depois de “ignorar” (l.14).

Texto para as questões de 9 a 11

(l. 1) Por muitos anos, pensávamos compreender o que era
(l. 2) interpretado, o que era uma interpretação; inquietávamo-nos,
(l. 3) eventualmente, a propósito de uma dificuldade em particular,
(l. 4) ocorrida no trabalho de interpretação. Nada mais. Atualmente,
(l. 5) não temos certeza, já não estamos tão certos. O conflito de
(l. 6) ideologias fez com que indagássemos sobre o que quer dizer
(l. 7) uma interpretação e duvidássemos sobre o que estávamos
(l. 8) fazendo ou teríamos de fazer.
(l. 9) Em vez desse tratamento que era dado à questão da
(l. 10) interpretação, a Teoria Crítica ou o Criticismo insiste em
(l. 11) trabalhar com as palavras que estão inscritas em determinada
(l. 12) página.
Célio Garcia. Graças à letra “soft”, a estrutura “hard” dura.
In: Hugo Mari et al. (Org.). Estruturalismo, memória e repercussões.
Belo Horizonte: UFMG/Diadorim, p. 192 (com adaptações).

QUESTÃO 9
Assinale a opção correspondente ao desdobramento para a frase “Nada mais.” (l.4) que está gramaticalmente correto e coerente para o desenvolvimento da argumentação do texto.
A) Nada mais nos inquietava.
B) Nada mais tínhamos para interpretar.
C) Nada mais pensávamos compreendermos.
D) Nada mais havia em um trabalho de interpretação.

QUESTÃO 10
Assinale a opção incorreta a respeito do uso dos sinais de pontuação no texto.
A) Na conexão de ideias, a conjunção e desempenharia a mesma função da vírgula depois de “interpretado” (l.2) e poderia substituí-la sem prejudicar a correção do texto.
B) A substituição das duas vírgulas que demarcam a explicação “a propósito de uma dificuldade em particular” (l.3) pelo duplo travessão preservaria a correção gramatical e a coerência textual.
C) Respeita-se a relação entre as ideias do texto e mantém-se sua correção gramatical com a substituição do ponto depois de “certos” (l.5) pelo sinal de dois-pontos, fazendo os necessários ajustes na inicial maiúscula.
D) Na linha 9, a inserção de uma vírgula depois de “tratamento” preservaria a correção do texto, mas deixaria de marcar o caráter restritivo da oração iniciada por “que era”.

QUESTÃO 11
Preserva-se a correção gramatical e a coerência das ideias do texto
A) ao se deslocar o pronome átono em “inquietávamo-nos” (l.2) para antes do verbo, escrevendo nos inquietava.
B) ao se inserir que tenha sido antes de “ocorrida” (l.4).
C) ao se substituir “fez com que indagássemos” (l.6) por fez-nos indagarem.
D) ao se retirar “que era” (l.9).

QUESTÃO 12
Tribunal Regional Eleitoral de Goiás
Portaria n. o 443, de 30 de setembro de 2008 – TRE/GO
(l. 1) O Excelentíssimo Senhor Desembargador-Presidente do Tribunal
(l. 2) Regional Eleitoral de Goiás, no uso de suas atribuições e
(l. 3) Considerando o disposto no art. 10, parágrafo único, inciso II, da
(l. 4) Lei n.º XXXX, de 19 de setembro de 1998, e no art. 8.º, parágrafo 3.º,
(l. 5) da Resolução n.º YYYY, de 15 de outubro de 1999, do colendo
(l. 6) Tribunal Superior Eleitoral;
(l. 7) Considerando a necessidade de se promover a padronização dos
(l. 8) procedimentos relativos à anotação dos órgãos de direção partidária
(l. 9) regionais;
(l. 10) Considerando que as solicitações de anotações feitas pelos partidos
(l. 11) políticos devem seguir as regras dos estatutos partidários;
(l. 12) RESOLVE:
(l. 13) Art. 1.º Os pedidos dever-se-ão ser requeridos nos exatos termos dos
(l. 14) partidos.
(l. 15) Art. 2.º Só se dará prosseguimento aos pedidos de prorrogação quando
(l. 16) em conformidade com a lei.
Para que o trecho de documento acima atenda às normas de redação de documentos oficiais, é necessário
A) que a data da portaria seja retirada da identificação, juntamente com a vírgula que a precede, escrevendo-se Goiás, 30 de setembro de 2008 no final do documento, imediatamente antes da assinatura e da identificação do signatário.
B) que se escreva com letras iniciais maiúsculas “parágrafo único” (l.3), “colendo” (l.5) e “art. 10” (l.3), sendo o último por extenso; com iniciais minúsculas o segundo termo de “Desembargador-Presidente” (l.1) e as ocorrências de “Considerando”, exceto a primeira.
C) que se retire o pronome átono de “dever-se-ão” (l.13), grafandose deverão.
D) que se substitua “dará” (l.15) por darão, para atender às regras gramaticais da norma de padrão culto.

Texto para as questões de 13 a 15
(l. 1) Censurar, proibir e reprimir são atitudes
(l. 2) antipáticas, porque geralmente são vistas pela sociedade
(l. 3) como inimigas da liberdade individual, da criatividade e
(l. 4) da verdade. A censura esconde dilemas e armadilhas sutis
(l. 5) que podem causar mais confusão do que esclarecer os
(l. 6) problemas relacionados a ela, até porque nem todo tipo de
(l. 7) censura representa uma interferência odiosa na vida da
(l. 8) população. Um exemplo simples de censura socialmente
(l. 9) aceitável — ou até considerada necessária para o bom
(l. 10) andamento da vida social — é a tentativa de proteger
(l. 11) crianças contra filmes, livros e outras manifestações do
(l. 12) pensamento que possam incitar à violência ou a outras
(l. 13) situações consideradas prejudiciais à formação dos
(l. 14) jovens.
(l. 15) Por outro lado, existem formas de censura que,
(l. 16) apesar de serem, em princípio, tão odiosas quanto a
(l. 17) censura política, tornam-se praticamente invisíveis no
(l. 18) interior do corpo social. Elas agem sem que os
(l. 19) responsáveis sequer se deem conta do que estão fazendo.
(l. 20) É o caso, entre outros, dos preconceitos, que são, por
(l. 21) definição, verdades falsas que, quando se disseminam
(l. 22) dentro de um grupo ou comunidade, tendem a hostilizar
(l. 23) formas de pensamento e de comportamento que, de
(l. 24) alguma forma, não se conformam àquela “verdade”.
Flávio Dieguez. Ver, ouvir e calar. Discutindo a
língua portuguesa, ano 2, n.º 12, p. 34-6 (com adaptações).

QUESTÃO 13
Julgue se as seguintes estruturas do texto explicitam uma relação textual de comparação.
I “causar mais confusão do que esclarecer” (l.5)
II “nem todo tipo de censura representa uma interferência” (l.6-7)
III “até considerada necessária” (l.9)
IV “tão odiosas quanto a censura política” (l.16-17)

Estão certos apenas os itens
A) I e III.
B) I e IV.
C) II e III.
D) II e IV.

QUESTÃO 14
Assinale a opção correta a respeito das estruturas linguísticas do texto.
A) A expressão, na voz passiva, “são vistas pela sociedade” (l.2) corresponde à voz ativa a sociedade vê-nas, que a pode substituir sem prejudicar a correção e a coerência do texto.
B) O verbo que se segue ao pronome “que” (l.12) está no plural porque esse pronome tem como referente “filmes, livros” (l.11).
C) Nas linhas 12 e 13, os sinais de crase em “à violência” e “à formação” mostram que se trata de dois termos que servem de complemento ao verbo “incitar”.
D) Na linha 24, justifica-se o sinal indicativo de crase em “àquela” pela exigência de iniciar o complemento de “se conformam” com a preposição a.

QUESTÃO 15
Julgue as seguintes propostas de continuidade para o texto.
I Por isso, a hostilidade às formas de linguagem de grupos minoritários constitui uma forma de preconceito.
II Assim, qualquer “verdade” reprimida representa uma armadilha de preconceitos e censuras.
III Portanto, são verdades falsas porque são invisíveis.

Há continuidade gramaticalmente correta e argumentativamente coerente para o texto apenas
A) no item I.
B) no item III.
C) nos itens I e II.
D) nos itens II e III.

Gabarito:
1 - A
2 - B
3 - D
4 - A
5 - C
6 - B
7 - D
8 - B
9 - A
10 - B
11 - D
12 - C
13 - B
14 - D
15 - A

0 Comentários. Comente já!:

Postar um comentário